quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O incorretamente político

A ‘polis’, que foi inventada pelos gregos, deram origem ao modelo de cidade do mundo ocidental. Teoricamente na ‘polis’ todos são iguais, portanto, todo ser humano é um político, cabendo-lhe garantir a existência e a integridade dos direitos dos habitantes de sua cidade. Como fazer com que o cidadão se torne politizado, isto é, habitante politicamente consciente em sua cidade?
Mesmo de forma precária, ao cidadão é dado educação, cultura, saúde, defensoria de seus direitos, mobilidade e outras possibilidades de desenvolvimento social para o exercício de sua cidadania. Mas será isto suficiente para a construção do cidadão politicamente preparado para viver em sociedade?
Em que escola ele poderia aprender a matéria que o ensine os valores da ‘polis’? Antigamente, a partir do final da década de sessenta, ele aprendia sobre cidadania na disciplina Educação Moral e Cívica, que pretendia contribuir para a formação ética do cidadão, porém tornou-se não obrigatória nos currículos escolares a partir da década de noventa. Se não na escola, deve ser em sua própria casa, na intimidade de seu lar, pela educação doméstica, onde poderia ter semelhante aprendizado. Políticas públicas devem contemplar a preparação de todos para o exercício da cidadania, compreendida como a materialização do ser humano político.
O ensino público à distância, via internet gratuita, como contrapartida a benefícios sociais concedidos, poderia ser uma forma de passar cidadania a todos que vivem da ‘polis’. Por outro lado, deveria ser critério de acesso a funções públicas o tempo dedicado a prestação voluntária de serviços comunitários e na organização de setores da sociedade que carecem de quem possa dar o exemplo de cidadania. O incorretamente político é restringir o politicamente correto a meia dúzia de situações discriminatórias, pois politizar, sem partidarismo, implica em possibilitar a construção de uma sociedade melhor. O cidadão não politizado onera mais a ‘polis’ do que os exorbitantes impostos.
Artigo publicado no Jornal ATarde de 26.08.2015.


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