segunda-feira, 11 de maio de 2020

O Sentido da Vida

Enganam-se os que pensam que o sentido da vida reside em viver naquilo que lhe dá prazer ou que lhe traz felicidade. Muitas vezes, esta busca provoca mais prejuízos do que ganhos. Certas metas existenciais, mesmo aquelas que dão prazer, conforto e prestígio social, resultam em equívoco dificilmente reparável. A pessoa bem sucedida nem sempre é aquela que acumulou bens e usufrui deles, causando inveja a quem não os possui.
Como ser feliz em um ambiente instável, nocivo ou onde reine a miséria social? Certamente há quem diz conseguir, porém o egoísmo e o orgulho ali estão presentes como permanentes companheiros. Encontrar o sentido da vida enquanto. A dor e o sofrimento campeiam na sociedade passa também pelo trabalho em erradicá-los.
Para encontrar o sentido e significado da vida há que alinhar certas condições pessoais internas com a vivência em uma sociedade saudável e próspera. Estas condições necessitam ser permanentes, sobretudo a do meio em que viva o indivíduo supostamente realizado. No que diz respeito às condiciones internas é preciso entender que se trata do encontro com a própria designação pessoal, portanto, após a descoberta da razão de sua existência como ser humano.
É preciso estar pleno, livre de culpas, de credores litigiosos que tenham reais direitos, de inabilidades e de passivos para com a sociedade. A consciência de uma pessoa realizada deve estar em harmonia consigo mesmo, com seus pares e com a sociedade na qual atua e vive suas experiências mais significativas. Se assim não for, a realização propalada será na aparência, pois no íntimo prevalece o desconforto, a angústia e a solidão interior.
Não é possível a realização pessoal sem a formação de uma personalidade saudável, comprometida com o bem comum com a prosperidade social. Aquele que alcançou esta condição descobriu o sentido da própria vida quando entende a si mesmo, compreende as razões últimas das coisas, sente cada experiência em sua essência e percebe seu semelhante em sua máxima dignidade. Sem isto estará atendendo a vaidade, ao egoísmo e ao desejo de supremacia sobre os outros. Viverá uma vida inautêntica.
O encontro do sentido da vida se deve à uma consciência renovada por ideias altruístas, pelo desejo permanente de ser uma pessoa melhor, pela responsabilidade e transparências em seus atos, pela preocupação pelo bem comum e pela perspectiva de uma vida futura sem medos ou fantasias fabricadas pelo imaginário popular. Como se realizar sem sentir a vida com coragem e vontade de viver? Como encontrar-se a si mesmo sem ter amado alguém? Como descobrir o significado da própria existência sem conseguir explicar suas origens e seu destino? As respostas são alcançadas quando já se integrou à própria personalidade a humildade, a compaixão e a legítima fraternidade. Portanto, para que se alcance o sentido da vida é preciso, além de espiritualizar-se, humanizar-se.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Metas existenciais

Todo ser humano tem metas e desejos de realização, independentemente do tamanho dos horizontes em que baseia sua vida. Mesmo que seja considerado componente da humanidade, vive em diferentes situações que afetam a qualidade e o tamanho da vida que leva. Inevitável estudá-lo e classificá-lo de acordo com determinados parâmetros para que seus problemas sejam coletivamente resolvidos.
Torna-se evidente a existência de vários níveis socioeconômicos, cuja distribuição da renda global por pessoa não resultaria em êxito, em face da diversidade de habilidades, interesses e horizontes dos indivíduos das muitas sociedades humanas. Uma sociedade com sua específica cultura não conseguiria resolver o problema de outra pela imigração de alguns de seus indivíduos, pois, dentre outras considerações, os problemas continuariam ocorrendo em seus países de origem.
Estimular as capacidades individuais e o estabelecimento de mínimas metas existenciais pode ser positivo, sobretudo quando estatuído desde a infância e nos programas curriculares das escolas de educação básica. Propostas governamentais e políticas públicas deveriam contemplar o fortalecimento de metas existenciais para seus cidadãos para que se solidifiquem valores que contribuam para o desenvolvimento individual e coletivo.
São metas existenciais que fundamentam uma sociedade aquelas que apontam para que seus indivíduos sejam prósperos e vivam na plenitude de seus direitos, bem como as que valorizam o trabalho, a família, a educação, o relacionamento interpessoal, a legalidade do patrimônio pessoal, a justiça, o lazer e a espiritualidade.
A valorização e fortalecimento dos laços familiares deve visar a autonomia e independência de seus membros, o respeito, a amizade, a cooperação e o exercício da cidadania pelo bem de todos. O estímulo a metas existenciais que valorizem o intelecto, a aprendizagem, o aperfeiçoamento pessoal, o conhecimento das coisas certamente ampliaria a autoestima do cidadão ao mesmo tempo que o capacitaria para novos desafios, sobretudo no campo profissional. O desejo de uma boa formação profissional, de progredir em uma carreira, de empreender e de alcançar sucesso deveriam ser estimulados desde a infância. Da mesma forma, também deveria ser estimulado o desejo de construção de um lar saudável, confortável e harmonioso, garantido pela propriedade digna e legal.
Quando o ser humano alimenta um horizonte e deseja alcançar sucesso em uma sociedade que ele mesmo constrói, sem a espera de benefícios paternalistas de governos, torna-se autodeterminado e responsável pelo bem-estar pessoal e coletivo. Em paralelo, todo indivíduo necessita de metas espirituais onde constem uma visão de vida positiva, uma percepção compreensiva do sentido da morte e o não temor à continuidade da própria existência após o viver.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Voar

À semelhança das aves, todo ser humano deve aprender a sair do chão em suas ideias. Manter-se na posição de quem não vai além do senso comum é escravizar-se às ideias coletivas, tornando-se marionete dos que detêm o poder. Voar significa pensar além dos partidos, dos grupos, dos sindicatos e das associações particulares voltando-se para a sociedade em sua totalidade. É preciso pensar grande, aventurar-se sem perder a noção de realidade, ampliando a criatividade. Quando um povo se submete a uma única vontade, nascem os extremismos que costumam estagnar seu progresso.
Quando as discussões e debates permanecem nas polaridades, a mediocridade impera, pois não há aceitação do novo nem a singularidade é respeitada. Faltam mentes lúcidas, arejamento de ideias e aceitação do que representa o respeito ao bem-comum. Velhos caudilhos e seu asseclas já não trazem o que o povo necessita, pois querem manter o status quo em que se perpetuam no poder. Estão mais preocupados com seus projetos pessoais de poder do que em fazer progredir a sociedade. São aves de rapina que se aproveitam do sofrimento humano.
Não se ocupam em educar o povo. Suas ideias não vão além de construir e inaugurar escolas. Não investem em educação, mas em prédios. Não preparam adequadamente o professor, optando por empoderar o aluno em nome da outorga de uma liberdade que ele ainda não sabe exercer. Remuneram mal o professor, firmando-se na lei de responsabilidade fiscal, mas gastam recursos públicos para se reelegerem. Governam, mas não melhoram a vida das pessoas, pois se mostram salvadores do martírios que eles mesmos provocam. São lobos em pele de cordeiro.
Antigos heróis, que se beneficiaram dos aplausos populares, retornam à cena pública para reforçar antigas ideias que não cabem mais para uma sociedade que deseja progredir sem o braço acomodatício do Estado. Até quando o cidadão vai aceitar o comando da sociedade por aqueles que, em sua insanidade e incompetência, continuam a despejar palavras em discursos vazios de significado, pois miram a disputa política. Que pena que o cidadão comum aceita ser alvo da vilania dos que optaram pela cegueira do poder político.
Estimular a livre iniciativa, incentivar o empreendedorismo, oferecer ideias criativas e valorizar a pessoa humana são tarefas urgentes para que a sociedade encontre seu rumo assertivo para o progresso social. Governos se sucedem e os problemas continuam os mesmos, pois ainda não foi criada uma escola para governantes, nem a corrupção, que se encontra disseminada na sociedade, foi debelada. Uma nova geração de pessoas deverá  vir, com características singulares e éticas para mudar o que aí está. A propriedade de uma ética robusta e a capacidade de ir além da visão rasteira das disputas eleitorais será instalada na mente humana.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Opinadores

É comum o cidadão entregar tudo que uma cidade necessita para que os governos executem. Há ainda os que esperam dos governos a definição de suas vidas, bem como os benefícios que acreditam serem credores. Muito embora haja obrigações governamentais que não se pode dispensar, cuja exigência deve ir além da escolha em quem votar, não se deve esperar tudo dos governos nem abrir mão do que compete a cada cidadão realizar por si mesmo.
Dentro desta perspectiva, encontramos diferentes tipos de opinadores políticos, que podem ser divididos em três níveis. Os do nível primário, caracterizado pela imaturidade que os levam a escolher um dos lados, condenando sumariamente o outro, com justificativas frágeis e tendenciosas. Suas opiniões são radicais e pautadas em cima de um determinado aspecto que os agradam em suas preferências. São capazes de argumentar ferrenhamente a favor de um lado, assemelhando-se a um culto cuja fé é inabalável. São fundamentalistas e evocam valores superiores para justificar suas opiniões. Os do nível intermediário, que escolhe um lado, mas aproveitam algumas opiniões positivas do outro, não são radicais e mudam de opinião de acordo com a conveniência e com o meio em que se encontram. Nem sempre opinam, pois não querem ser criticados e não têm informações suficientes para sustentar suas escolhas. São mais fáceis de manipulação pelos radicais. São inseguros e alienados politicamente e não se dão conta do prejuízo que causam à coletividade por serem neutros. Por fim, os do nível adulto, que analisam ambos os lados, valorizando o que atende requisitos que solidificam valores fundamentais para a sociedade. Concordam com filosofias que engendram prosperidade. Analisam dados acima de opiniões. Não se deixam influenciar por opiniões radicais. Estão atentos à guerra midiática das empresas de comunicação e das redes sociais. Não se deixam influenciar pelo que circula em grupos radicais. São a favor de todas as classes, de todas as tribos e de todas as etnias. Respeitam as minorias e as maiorias. Consideram importante aqueles que pregam o que vivem e que não atuam em causa própria. Sentem-se a vontade para opinar contra e a favor das diferentes posições partidárias. Respeitam as pessoas mesmo que discordem de suas ideias. Estão atentas aos que opinam a favor de boas ideias, mas que têm interesses pessoais escondidos.
O debate livre, sem partidarismo primário, sem ideologias discriminatórias e sem privilégios de qualquer natureza requer uma mente arejada por ideias altruístas. As diferentes opiniões devem ser respeitadas e não cabem sanções aos que divergem de qualquer dos lados. Todos devem olhar para o país e para os imensos desafios de uma sociedade carente de muitos serviços, sobretudo de uma boa educação. Aos que fazem política cabe a reflexão sobre o que impõem aos cidadãos como obrigação e que devem seguir como norma pessoal.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Loteria

Milhões de brasileiros apostam na loteria, imaginando enriquecer do dia para a noite. Acreditam que a solução de seus problemas esteja em ter muito dinheiro. Seria um pensamento correto se não fosse o modo instantâneo, quase mágico, de como foi obtido. Ter dinheiro pode ser algo muito útil na vida de uma pessoa, permitindo-lhe grandes possibilidades de realizações. Ganhar na loteria implica pular etapas que permitiriam a aquisição de significativas experiências que capacitariam o ganhador à conquista de dinheiro. Essa experiência perdida pode lhe custar a capacidade para bem administrar seus recursos.
É legítimo jogar na loteria, como também é válida a obtenção do prêmio, independentemente de se pular etapas nas quais ocorreria a aquisição daquelas experiências. Porém, é necessária a reflexão sobre a sangria de certa qualidade de energia perdida quando há o vício. O desejo de facilmente ganhar pode, inconscientemente, reduzir os esforços para adquiri-lo pelo suor do trabalho e pela estimulação da criatividade.
A justificativa para a legalização do jogo é o bom emprego dos impostos descontados, administrados pelo Poder Público, cuja utilidade real é vista em programas sociais. Por esta razão, muitos querem que haja a implantação legal de outras modalidades de jogos e de cassinos no país. É preciso avaliar o impacto do jogo livre em uma sociedade pobre, em que o trabalhador ganha muito pouco para sua sobrevivência.
Psicologicamente, o ato sistemático de jogar representa uma tentativa de atender a um complexo psicológico para compensar um sentimento de inferioridade. A intensidade do complexo corresponderá ao tamanho da ambição a ser alcançada. O jogador compulsivo é aquele que sacrifica seus recursos, seu patrimônio e seu tempo para tentar ganhar.
Longe do jogo em loterias, em jogos de azar ou em diferentes tipos de apostas existe o jogo do poder, praticado por aqueles cuja vaidade e ambição são desmedidas. São os que arriscam suas vidas e daqueles que não sabem que são tratados como marionetes pelos que adoecem no jogo político sem ética. São jogadores insensíveis e insanos, cuja consciência fica aparentemente tranquila por se sentirem missionários, salvadores do mundo. Nem sempre os jogadores são políticos, mas certamente atuam de forma semelhante ou em conluio com eles, contribuindo para a demora na construção de um mundo melhor. Jogadores contumazes são doentes, pois desviam suas energias do viver para atender a ambição desenfreada, em prejuízo de si mesmos e dos que os cercam.
Sua fé está a serviço do ganho mágico e da vontade de aliviar-se do trabalho cotidiano, comum a todos que nele encontram dignidade. Mesmo assim, não é acaso ganhar na loteria, pois tudo indica haver uma conjugação de fatores que atuam para que determinada pessoa seja o ganhador. Melhor para quem ganha, porém a Vida lhe exigirá alta capacidade para administrar seu prêmio.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Autorrealização

Quando é que o ser humano vai acordar para uma vida plena, sentindo-se livre e autodeterminado? Quando será que sairá da letargia de uma vida regada a pensamentos baseados no que seus limitados sentidos físicos permitem? Será que sua inteligência ainda tem a mesma capacidade do homo sapiens que habitava as cavernas? Creio que não. Então é hora de romper com a mediocridade do olhar para a vida sem temê-la. Por acaso não percebe que a evolução premia todos que atuam de forma a promover o bem-estar pessoal e simultaneamente coletivo?
Levantem-se aqueles que já acordaram para a percepção de que conseguem manejar seu próprio destino sem medos, ansiedades ou apegos. É hora de entender que, além de seus sentidos corporais, possui e dirige uma mente na qual se situa no centro como seu proprietário. Chega de orgulho, vaidades ou egoísmo que atrasam a percepção de que o sentido da vida não se encontra nas vitórias minúsculas que os sistemas vigentes oferecem, mas em uma história de vida que inclua a construção de um mundo melhor para todos.
Qual o prazer de ver alguém falir, sofrer ou ser derrotado? Talvez atenda aos que querem reinar em um mundo próprio, único e cheio de pessoas subservientes como se necessitasse de súditos. Não se trata de questionar se levam algo quando morrem. Muito embora válido, este raciocínio não equaciona o viver a vida presente de forma a também lhe dar um significado para a sociedade. Uma vida sem sentido é como enganar-se para agradar aos outros com uma imagem altamente positiva, tendo inabilidades, deficiências e angústias lancinantes.
A vida precisa ser vivida sem exigências de perfeição, de demonstrações de feitos nem de ostentações pueris, que o tempo corrói. A autorrealização é a máxima e melhor utilização das habilidades conquistados a serviço do bem-estar pessoal e coletivo, gerando prosperidade e desenvolvimento à sociedade. Quando uma pessoa bem-sucedida promove o melhor para a própria família e para seus parentes diretos cumpre um dever que atende ao clã do qual faz parte. Quando vai além de seu clã, serve à sociedade, contribuindo para que todos ganhem. O alcance desta contribuição eleva a sociedade a um novo patamar, promovendo o indivíduo que assim procede à condição de benfeitor e de uma pessoa realizada.
Autorrealização não é uma conquista exclusivamente religiosa, pois a vida deve se realizar não apenas no Além, mas dentro dela mesma para que contemple todos aqueles que dela podem se beneficiar. A religiosidade contribui, mas se equivoca quando promete o melhor para depois da vida e quando transfere para forças sobrenaturais as soluções dos males humanos. A meta pessoal de evoluir não dispensa o mundo e sua melhoria como proposta em igualdade de valor com a própria realização. Autorrealizar-se é para acontecer no mundo, com ele e por causa dele. Neste mundo se encontram indistintamente todos os seres humanos.

segunda-feira, 30 de março de 2020

O Enganador

Sísifo é o mito grego que trata do ser humano que se recusa a morrer, contrariando a lei natural da vida. Sísifo era um ladrão que chegou ao reino dos mortos propositadamente sem as vestes adequadas, tendo sido autorizado a voltar ao mundo dos vivos para resolver o problema. Por ter enganado novamente os deuses não retornando ao seu destino final, foi condenado impiedosamente a rolar um bloco de pedra montanha acima. Mal chegado ao cume, o bloco rola montanha abaixo. Sísifo recomeça repetitivamente sua sina de rolar a pedra montanha acima.
Permanecendo ou não no reino dos mortos, Sísifo continua sendo o ladrão, cuja vida desonrada se perpetua como um solerte enganador. Sísifo é o ser humano que desesperadamente luta contra a morte, no seu direito de viver como proprietário de seu destino. Engana a morte como todo ser humano que cuida de sua saúde. Porém, sua condição de ladrão nem sempre está presente no ser humano. Só alguns que acreditam poder sempre enganar os outros, que, mesmo protegidos pelo anonimato, abrigados por estratégias que os escondem do escárnio público e distantes do julgamento coletivo rolarão suas pedras na consciência culposa.
Bastaria a Sísifo ser apenas aquele que rejeita a morte, porém ele é o ladrão, aquele que rouba e que retira o que não lhe pertence; o imoral que não respeita o alheio. Encontramos Sísifo também naqueles que foram pegos pela Operação Lava Jato. São pessoas que pensam enganar a morte, isto é, que acreditam que ficarão impunes, que não perderão o poder e que roubaram por uma “boa causa”. Os que ainda não foram pegos pelo Justiça, e mesmo que não o sejam, portanto, que simbolicamente não morreram por se encontrarem em evidência, continuam ladrões. Não perdem a empáfia, mas continuam ladrões. Alguns detêm o poder temporal, mas continuam ladrões.
São ladrões do dinheiro público, da esperança do povo e da vida dos que nasceram para experimentar seu direito à liberdade, a sua autonomia e a alcançar prosperidade. Os ladrões do dinheiro público vão rolar suas pedras na consciência, cuja dinâmica não depende de tribunais ou de processos legais, pois alcança a todos indistintamente. Sísifo se encontra presente tanto nos marginais que cometem pequenos delitos e como nos que ambicionam o poder, locupletando-se nele, acreditando-se arautos e missionários defensores dos mais pobres, que nunca lhes deram procuração.
Mesmo ladrões, encontram justificativas em suas consciências para não se considerarem como tais. Evocam a defesa do povo sofrido, novamente enganando alguns e a si mesmos. Mas não enganam as leis da Vida, que sempre oferece a cada um de acordo com o uso ético de suas habilidades. Deixar de rolar a pedra requer humildade, grandeza de espírito e consciência da própria humanidade. Aí sim, poderão deixar de serem ladrões.